27 de novembro de 2011

BORED TO DEATH, S03E05 – I Keep Taking Baths Like Lady Macbeth (review)

Parafraseando não sei quem: É melhor arrepender-me por algo que fiz, do que por algo que poderia ter feito, mas não fiz. 

Esta semana parece que o que se passa com os nossos amigos pode ser simplificado por essa frase, todos têm que tomar uma decisão e num curto espaço de tempo, para evitar (ou criar mais) evoluções futuras.

“Bored do Death” neste episódio esteve bem, trazendo Jonathan (Jason Schwartzman) de volta a mais um caso pseudo-detectívico, e, como ultimamente tem sido uso, conta com a ajuda de Howard (Patton Oswalt) que agora é o seu “Q” (numa aproximação a James Bond). E, ah, acharam que não valia a pena afastar Jonathan de George (Ted Danson) por muito tempo e voltaram a uni-los o mais rápido possível. Fora interessante essa separação no episódio anterior e embora eu não acreditasse na sua duração, esperava que eles tivessem a coragem de a manter, mas ao que tudo indica parece que teriam dificuldades em gerir a série com o trio separado.

Apesar de tudo esse bocado de tempo afastados gerou momentos interessantes, o que levou a um dos pontos mais cómico do episódio: o gabinete de aconselhamento. Eu gostaria de ver a terapeuta (Sarah Silverman) a aparecer mais vezes, pois tem uma presença e tanto (ou a sua cara bonita fica bem na tela) e a sua postura agressiva, à la ”mistress”, com um toque de adepta de jogos “sado-maso”, poderia torná-la interessante para corrigir Jonathan e, visto que provavelmente vai acabar na cama com George, ver se o dominava, posto que ele está habituado a ficar por cima, a ser o controlador. Eu queria mesmo ver a interacção destas três figuras. Aliás, talvez até pudesse ser uma “mãe” mais impositora e menos desleixada para Ray (Zach Galifianakis), ajudando-o a mudar também. Ok, eu sei que é muita coisa, mas ela tem esse potencial, e provavelmente ela é a metáfora de Lady Macbeth que aparece no título (embora Jonathan também pudesse vestir essa pele).

Outro ponto cómico foi a interacção entre Ray e Green (John Hodgman), despertando este uma confusão sexual naquele. Ray parece ter atingido o seu apogeu sexual, tornando-se atraente para quem quer que seja, e parece tão surpreso e intrigado com a sua reacção a Green que nem sequer quer contar aos amigos o que se passa. Não é a primeira vez que um dos trio lida com questões homossexuais, George já quisera experimentar a homossexualidade, esperando desta forma encontrar a sua “mulher interior” e consolidar o seu eu, mas parece que a forma do seu assunto é diferente da de Ray.

E eu disse que “Bored To Death” tinha-se tornado “hardcore” e parece que não me enganei. A cena com Leah (Heather Burns), que, tal e qual aconteceu com Jonathan-George, acharam que não valia a pena deixarem-na afastada de Ray, embora só tenha servido para meter a piada do pentelho branco e não propriamente para ser chocante e ousada, acabou por se exactamente isso pela maneira como foi introduzida. A piada foi engraçada, mas a situação e a sua justificação foi bastante forçada. Mas sei lá, todos os casais têm de quando em quando a sua pancada.

O resumo desta semana é isto: Jonathan e George vão a um conselheiro (ou terapeuta) de amizade e acabam por ficar juntos, mas não por causa disso; Ray anda a cornear Leah com Belinda (Olympia Dukakis), com quem está a criar laços; Green, carente de atenção, apaixona-se por Ray. Não foi um dos melhores episódio, mas esteve bem acima do anterior.

26 de novembro de 2011

PSYCH, S06E04 – The Amazing Psych-Man & Tap Man, Issue No. 2 (review)

E então Shawn disse: Eu resolvi mais crimes do que sei contar… porque eu resolvo muitos crimes e não porque não sei contar.

Às vezes tenho medo de simplesmente sentir-me cativado pelos personagens de “Psych” e sobrevalorizar os episódios, por isso peço, alguém por favor me diga que “Psych” não é tão genial quanto eu penso.

Tudo o que é “nerd” e “pop” é visitado por “Psych”, já tivemos temas (vampiros, lobisomens, etc.), séries (alguém se lembra de “Twins Peaks?”), filmes (até de Bollyhood) e desta vez, um formato diferente, a nona arte, com os super-heróis. Ainda uma visita ao filmes do Super-homem, quando aparecia uma notícia no Daily Planet, rodando até ocupar o ecrã, só que a brincadeira aqui foi feita com um iPad ou “tablet” qualquer (não sei, e não interessa), e também houve alguns momentos de fazer inveja ao “The Cape”.

Tirando os momentos de piada, vendo a outra vertente, gostaria de salientar a conversa entre Shawn (James Roday) e Juliet (Maggie Lawson) sobre a sua relação, onde ele diz que não precisa estar sempre de acordo com ela para que tenham uma boa relação e exemplifica com o seu relacionamento com Gus (Dulé Hill). Shawn é inteligente, porém, por vezes, é um autêntico contraste, toma atitudes infantis na maior parte do tempo, mas mostra quase sempre uma maturidade tremenda. Acho que o romance destes dois está a ser bem doseado, mostram que a relação está a aprofundar-se, mas não perdem tempo com ela, quanto muito umas duas doses de conversas bem servida para mostrar a sua evolução.

Falei da maturidade de Shawn lá em cima, mas aqui vou falar da sua insegurança. Como já tinha dito, ele é um tremendo antítese, pois só uma pessoa ultra-confiante tomaria as atitudes que ele toma, na maneira como aborda as pessoas, mas todas as suas atitudes por vezes parecem máscaras para esconder a sua insegurança. Aqui entrou outra vez em competição com “The Mantis” porque este estava a ser elogiado, principalmente por Juliet.

Agora tenho de ir para a série. A história desta vez é sobre um vigilante que aparece na cidade e começa a limpar a bandidagem, o que causa duas reacções antagónicas da força policial: a admiração e o contentamento de ele estar a ajudar a lei e a necessidade de pará-lo, porque apesar disso está a margem da lei. E tal como não podia faltar, houve uma referência ao vigilante #1 do cinema: Charles Bronson. Entretanto houve aqui uma lacuna. Shawn percebeu que “The Mantis” tinha plantado uma evidência, mas nos momentos seguintes essa história não voltou a ser tocada e ele deixou-a passar em branco, ajudando mesmo a ilibar o “The Mantis”.

Não sei mesmo o que falar sobre o episódio, já devem ter notado pela maneira como estou a saltar de assuntos entre os parágrafos, porém não é porque não tenha onde pegar no sentido negativo, mas porque é um episódio bem sólido (desconsiderando a parte da evidência que apontei) e muito engraçado. Esperava no entanto que Gus usasse o seu super-faro neste caso, mas preferiu ser o “Tap Man”, falhando os seus alvos com uma técnica cujo único efeito que poderá ter nos “atacados” é um posterior ataque de riso quando se lembrarem da situação. Não me lembro em que temporada Gus levou Lassiter para aprender a fazer sapateado, através do qual este aprendeu a alcançar a paz interior e a aclarar a mente, ou seja, já sabia que ele fazia sapateado, mas só achei um tanto forçado que ele use sapateado com técnica de combate… eu disse, forçado, não disse não-cómico.

Tem momentos em que Shawn e Gus são extremamente irritantes, como na cena onde se embaraçaram e caíram, acho que exageram no “c’mon, son”, sei que querem introduzir o termo para a série, mas podiam fazê-lo de uma forma mais gradual e discreta, tipo o “bazinga” de Sheldon, que ele agora não diz (bem, já estou a misturar as coisas). E a cena final, estúpida e engraçada, mas irritante na mesma, pois parece-me irreal.

Gostava que tivessem tempo para Woody, mas se nem o têm para os personagens do elenco fixo, como Karen e Spencer, compreendo que não o tenham para ele.

Não posso referir-me a todos os momentos engraçados de “Psych”, porque o “timing” entre as piadas é demais, mesmo que todas não funcionem, por isso, é melhor deixar que cada um eleja o seu melhor momento.

Em resumo, este episódio é mais uma pérola de “Psych”.


Shawn: … E tens uma tatuagem de um bullmaster.
Reynolds: É a minha avó.
Shawn: Ela está a fingir ser um bullmaster?… (embaraçado) Aposto que ela está a parar o trânsito no céu?
Reynolds: Ela não está morta.

13 de novembro de 2011

BORED TO DEATH, S03E04 – We Could Sing a Duet (review)


Parafraseando Jeanne Moreau: A idade não nos protege do amor. Mas o amor, até certo ponto, nos protege da idade.



O tema principal deste episódio foi o choque de gerações, a diferença das idades, o que pode dali nascer e como é visto preconceituosamente pela nossa sociedade. O episódio queria levantar o véu do preconceito, mas a determinada altura acabou por usar ele mesmo o véu, mostrando-se tão preconceituoso com o tema tanto quanto aqueles que aponta o dedo.

Eu sei que “Bored To Death” não é uma série para crianças, de maneira que não há censuras às palavras “cock”, “fuck” e os seus parentes, entretanto apesar disso e apesar dos pénis do Ray, este episódio foi, sei lá, um transpor da fronteira, deixando a série “hardcore”. Não sou contra sexo, nem nada que pareça, mas este episódio, metade ele sexualizado, e não no sentido académico do termo, não foi nada limpo. De um lado tivemos dois trios, um na cama, o outro, voyeur, num telhado a mirar, e do outro lado o Ray (Zach Galifianakis) a ser cantado por uma “grannie” (Olympia Dukakis - muito boa a velhota). Volto a dizer, não tenho nada contra qualquer tipo de sexo consensual, entretanto a forma como essas histórias foram apresentadas não foi justa, pois dava aos intervenientes um ar de tarado, beirando a ridículo e troçando das situações, embora nenhum dos personagens tenha mostrado uma manifestação “fóbica”. Talvez seja um coisa só minha, no entanto não achei nenhuma piada a essas explorações.

E Ray, pelo amor de Deus, Ray é um personagem totalmente detestável, fascinante de um certo modo, mas detestável. No começo da temporada, parecia que ele tinha crescido alguma coisa, mas depois tratou de mostrar logo que é o mesmo sacana egoísta e desprezível se sempre, o que nos leva a Leah… Ainda estou para perceber qual é o fascínio em homens preguiçosos que não lhes respeitam ainda por cima. Será que é para se sentirem “machos” , tipo: sou a chefe da casa, tenho um homem em casa e trabalho para o sustentar? Bem, ao menos fosse por essa sensação de, trogloditamente, vestir as calças, mas quando se tem que voltar para a casa e trabalhar outra vez em casa para fazê-la parecer casa e aturar uma pessoa que só te quer pela tua cama (contigo nela ou semtigo), fico realmente bastante confundido. Eu tinha ficado com pena de Ray da primeira vez que foi posto na rua por Leah, mas, desta vez, nem um bocadinho.

Jonathan (Jason Schwartzman) ainda quer continuar a procurar pelo pai biológico, mas as pistas esfriaram, e fala que está a procurar pelo pai biológico só para nos lembrar que está a procurar pelo pai biológico, mas eu já em lembrava que ele estava a procurar pelo pai biológico, e ele não precisava repetir que estava a procurar pelo pai biológico, principalmente quando o review do episódio já dizia que ele estava a procurar pelo pai biológico. Por outras palavras, não vi razão nenhuma para referirem a essa história (foram umas três vezes, se não estou em erro) se não a iam desenvolver. E até que essa parte não foi um grande problema, o problema mesmo foi tudo o que envolveu Jonathan neste episódio, desde o encontro forçado com a Emily (Halley Feiffer), passando pelo Jonathan Ames pop-up (Brett Gelman), o ladrão de identidade, que surgiu de repente e com o mesmo de repente deu à sola, que não serviu praticamente para nada senão para trazer convidados especiais para enfeitar o elenco.

O mais interessante do episódio foi George (Ted Danson) e a sua história, em todas as suas interacções, tanto com Bernard (David Rasche), como com Antrem (Oliver Platt) e ainda com Emily, que não chegamos a ver, mas sentimos através do próprio. E mais, a sua decisão, no final, em cortar os laços com Jonathan, amarga, no entanto, realista: a amizade perdoa, mas há limites. E a realidade é que George é o pai de Emily e não de Jonathan.

O ponto que mais gostei do episódio mesmo foi o confronto sexual de gerações, que tratado de uma maneira cândida no caso de Bernard-Emily, foi usado de maneira “perversa” no caso Ray-Grannie, e com Jonathan e Ted no meio a fazer o apelo à juventude.

Não entendo nada a relação entre Green (John Hodgman) e Antrem, se o primeiro vê no outro uma figura paterna, este vê naquele, sei lá, um objecto para descarregar frustrações. Green e Jonathan não são muito diferentes, ambos são dependentes de atenção e querem ser aceites por aquela figura que elegeram como exemplo, no entanto não sei dizer se a relação que mantém com essa figura é que os faz ser como são, dependentes, ou se eles seriam como são mesmo sem essa influência.

Eu vi este episódio todo expectante, atento a momentos para dar gargalhadas, no entanto, não me lembro de ter rido em algum momento. Mas isso foi um erro meu, porque não costumo esperar por muitos momentos cómicos da série. E agora que escrevo este reviewnão me admiro muito que tivesse havido praticamente nenhum, visto que o trama parece ter tido mais remendos do que a manta de um mendigo.

11 de novembro de 2011

PSYCH, S06E03 – This Episode Sucks (review)

E então Lassie disse: A única coisa que se compara com a alegria que eu tive foi quando o Chuck Norris discursou na Convenção de Armas em Aberdeen.

Já foi há muito tempo que eu vi as anteriores temporadas de “Psych” e já não sei dizer qual foi a melhor, porém acredito que esta, se mantiver este ritmo com que começou, será de certeza a melhor, o que seria bastante bom, visto que boa parte das séries do género, a esta altura manifestam-se sem ideia e gastas, procedendo a pura reciclagem. É claro que “Psych” recicla (e como!) as revelações finais não surpreendem a ninguém, o que diverte, no entanto, a razão porque eu vejo “Psych” é a forma como lá chegam. Este novo fôlego no “Psych” é um regalo para os acompanhantes da série.

Não é a primeira vez “Psych” trata de eventos “sobrenaturais”, já tivemos um episódio com um psíquico (Shawn.2), com zombie, com múmia, com fantasma, com lobisomem, agora, chegou a vez dos vampiros. O tema que abriu o episódio apontava directamente ao assunto que ia ser tratado, e o título, uma referência crepusculeana ou pelo menos à paródia do filme, “Vampires Sucks”, pois como vimos, “This Episode Sucks”, fazia já por si uma introdução.

A história começou com Lassiter (Timothy Omundson) a ser engatado num bar, o que devido ao tema do episódio cria logo desconfianças, é claro que sabemos que não existe vampiros (ou por vezes receamos que eles caiam no ridículo de dizer que existem) e que tudo não passará, como das outras vezes, de uma situação caricata com uma explicação lógica que se pareceu o que pareceu foi pelas crenças dos envolvidos, mas mesmo assim. Desconfiamos da pessoa que aborda Lassiter, mas lá pelo meio vemo-nos a rezar para que tudo dê certo com ele e que o óbvio não fosse óbvio, principalmente depois de nos ter sido mostrado o estado esfrangalhado em que ele se encontra emocionalmente. Não queria que a minha mãe virasse lésbica aos 53… mas depois que a Altea lhe faz feliz de uma maneira que o meu pai nunca pôde.

E pela segunda vez vemos Lassie a agir para lá da sua lógica, colocando-se fora da sua caixa de areia. Da primeira vez, numa das temporadas passadas, foi porque estava farto de ver Shawn (James Roday) a resolver casos com suposições irrisórias, desta vez embarcou na teoria absurda de Shawn; mas de ambas as vezes, podemos concluir, fê-lo por insegurança. Houve um tempo em que eu me divertia em ver Lassiter a meter os pés pelas mãos, mas acho que esse sentimento está absolutamente mudado, principalmente depois das suas intervenções nos três últimos episódios, e ainda mais pela forma como jurou a Shawm proteger Juliet (Maggie Lawson).

A relação Juliet-Shawn foi deixada em stand by e, ainda bem, pois realmente não fez falta nenhuma, o episódio teve assunto suficiente para preencher os quarenta minutos sem precisar desse enchimento.


O episódio foi uma festa para vampiros, mas sobressaiu mais a história de Lassiter, por isso, fiquei apenas nele. Entretanto, vou falar de Woody (Kurt Fuller), que só apareceu um bocadinho, num registo não muito cómico, e de Henry (Corbin Bernsen) que, não me parece ter muita função ultimamente, senão a de dar a cara. Woody, no entanto, parece ter conquistado o seu lugar ao sol e, pelos vistos, vamos tê-lo a temporada toda a aparecer, mesmo que por um instante, e aposto que se lhe derem mais corda, ainda é capaz de para o elenco fixo.

Hum… este review estava a ficar bastante estranho, porque não é possível falar de “Psych” sem Shawn e Gus (Dulé Hill), e eu quase que o ia fazer. Bem, eu sei que Shawn e Gus são personagens fictícias, mas por vezes dou por mim a perguntar: estes gajos existem mesmo?A infantilidade dos dois é algo necessário para a série e, sei lá, de invejar, pelo menos por mim que gostaria de ter menos siso no meio de outras pessoas, entretanto por vezes descamba para o ridículo. Gus, oh, Gus… a cena com o clorofórmio serviu-lhe mesmo bem.

Paralelo aos vampiros referenciados e aos filmes de vampiro, e até a séries*. Ainda tivemos uma homenagem a Clint Eastwood, com referências que ajudaram Lassiter a encontrar a sua alma gémea. A cena final na prisão, digno de um filme de Bollywood, ou dos dramas dos anos 50, foi divertida. Ah, quase que me esquecia, não só Shawn, Gus e Tarantino sabem quem é Blácula, eu também sabia, mas acredito que só eu e mais uns quantos gatos pingados que não limitam a sua cinefilia a filmes pós-”Matrix” é que sabemos.


Shawn: Ele tem uma doença chamada Don Skarsgard*, precisa de muito sangue O-negativo e tem de roubá-lo porque não tem plano de saúde.

10 de novembro de 2011

THE FADES, S01E06 – Episode 6 - final da temporada (review)


Iaí pipoles, 

lembram-se da história daquele homem que foi morto, ressuscitou para acabar com todo o Mal e salvar a toda a gente, mas em vez disso lixou tudo, porque uns começaram a fazer guerras em seu nome, outros contra ele? Pois bem, eis a história deste episódio.

O complexo de Messias é um tema sempre interessante, porque praticamente todas as pessoas, em algum ponto da sua vida o desenvolvem, mesmo quando sofrem de “baixa-estimite” aguda, e principalmente nesses casos, criam essa fantasia para contrabalançar, aliás, foi o que Mac (Daniel Kaluuya) contou a Neil (Johnny Harris), para descobrir que afinal tinham esse ponto em comum, porque este também julgava que era a reencarnação de JC. Porém, duas coisas pode acontecer quando uma pessoa que se julga Messias descobre que não é, mas que outra talvez o seja: ou passa para uma adoração doentia ou então desenvolve um alto teor de inveja ou ódio. Não sei dizer qual é o caso de Neil em relação Paul (Iain De Caestecker), mas sei dizer que Neil sempre se sentiu com um chamado divino e não tem dúvidas que precisa de ir até aos extremos se for necessário para fazer o trabalho que Deus lhe mandou fazer, o que não admira nada, pois Papas, Rabinos, Pastores e Ayatalas têm, ao longo da história, cometido atrocidades por um sentimento similar.

Paul tornou-se tão importante, tão importante que todos esperam alguma coisa dele, o que o frustra ainda mais, porque ninguém leva em consideração que ele não faz ideia do porquê das coisas pelo que está a passar e tem de lidar com tudo isso e processá-lo, mas apenas continuam a jogar sobre ele os seus receios, as suas esperanças e frustrações, esperando que dê numa de Neo e reescreva o Matrix.

Onde as séries ou filmes costumam apostar na acção para criar tensão e movimento, “The Fades” apostou em diálogos ou monólogos (o que, por exemplo, foi praticamente a conversa ente Anna – Lily Loveless - e Mac) e conseguiu o mesmo efeito.

Eu costumo não me preocupar com os heróis, acreditando que sempre conseguirão sobreviver, e nem com as pessoas próximas do herói, mas depois de Jay (Sophie Wu) ter sido morta por Neil, pá, fiquei mesmo receoso que fossem mais longe e resolvessem matar ou Mac ou Anna, principalmente por causa da dica de Neil ao matar Jay – “esta é dispensável” –, pois como abriram o jogo nesse ponto, receei que se mostrassem ainda mais ousados.

Não vi utilidade nenhuma no pai do Mac ou mesmo na mãe do Paul, estiveram ali é claro, mas é como não estivessem. Mac precisava do pai para dizer que se sente sozinho e abandonado, no entanto, nem precisavam pôr ali uma pessoa para passar esse sentimento, bastava que não a mostrassem; a mãe de Paul, idem, ela era preciso para percebermos porque Anna lhe trata mal a ele, ou seja, que esse tratamento derivava de inveja e do sentimento de abandono, visto que ela sempre pareceu mais empenhada no irmão do que nela, tendo o irmão ainda por cima o apoio do amigo Mac, ficando ela sozinha tendo que construir todo o seu forte e nomear-se a rainha, quando na verdade lida com medo de abandono. Aposto que ela também se sentia JC, ou talvez MM.

Já receava que, com o êxtase do sexo, Sarah (Natalie Dormer) perdesse o controlo e tentasse trincar Mark (Tom Ellis), porque não cheguei mesmo a acreditar que a relação desse certo. No entanto, apesar de natural a reacção de Mark em fugir do que não entende, pois ele passou por muito: soube que a esposa morrera, depois falou com a alma dela, ao contrário da sua crença, e depois viu-a outra vez em carne e osso, e depois quase foi comido por ela (logo depois de ter sido comido por ela), achei um tanto cobarde da parte dos argumentistas terem-no feito fugir, porque era muita complexidade para explorar… mas, bem, considerando que Sarah depois ascendeu, provavelmente o caso Mark não poderia não ter mais sumo para dar.

Eu compreendi a posição de John (Joe Dempsie) em não querer ascender. Depois de mais de setenta anos a tentar entrar neste mundo, por que raio ele quereria sair logo depois de ter conseguido o seu intento, ainda mais, quando tem o bónus de ser imortal?… ou quase imortal.

Continuo a achar que o episódio mais tenso de todos foi o quarto, mas aqui, tal e qual a dica que Mac deu na abertura, através do seu tom, quando fez o “review” da semana anterior, este episódio era para ser melancólico (sim, notei essa particularidade, o tom que Mac adopta no início costuma ser o tom do episódio), e foi melancólico. Consolidou ou deu mais corda às histórias da maior parte das personagens, o que foi interessante, significando que até no fim ainda tinha algo para contar, até no fim ainda mostrava um princípio, e resolveu algumas pontas soltas.

“The Fades” fechou bem a temporada. E interessantemente deixou aberta uma frincha: com o que será que Paul mexeu? O que vai trazer ele para a terra? O Inferno (considerando o céu vermelho a fogo)? Eu esperava que alguma coisa acontecesse ao John e ele não conseguisse ascender e se tornasse mais forte – porque acreditava num clifhanger para uma segunda temporada – e fiquei um tanto incomodado quando ascendeu, depois pensei que Neil se tinha transformado em alguma coisa ruim (quer dizer, desconsiderando a parte em que sucumbiu à loucura e matou Jay ou babava de raiva enquanto falava com Alice), mas não foi… como mostrei no início do parágrafo, não faço ideia do que está por vir, mas digo que seja o que for provocou-me bruta curiosidade. E espero estar aqui para escrever sobre a segunda temporada.

9 de novembro de 2011

BORED TO DEATH, S03E03 – The Black Clock of Time (review)

Parafraseando a Bíblia: Sou Deus zeloso, que visito os pecados dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.

Vamos limpar a frase, tirar “deus zeloso” e “aqueles que me odeiam” e vamos evocar Freud para parecermos menos religiosos ou místicos, e ficaremos apenas com: os filhos pagam pelos pecados dos pais. A educação e o carácter dos pais, regra geral, reflectem nos filhos, é claro que há excepções, por exemplo, Michael Jackson, preto, que teve filhos apenas brancos, ou Picasso, que desenhou pombas quadradas, enquanto seu pai desenhava pombas com linhas naturais, ou o pastor homofóbico T.D. Jakes que tem um filho homossexual. Ok, se o primeiro caso se deveu a um desvio do determinismo genético, o segundo e o terceiro talvez se tenham derivado da ausência do determinismo social e da prepotência da vontade. Mas, pufff, basta de teorias pseudo-científicas.

O episódio de hoje foca-se sobre as influências dos pais sobre os filhos, e, acredito, de uma certa maneira dos filhos sobre os pais. George (Ted Danson) a tentar conectar-se melhor com a sua filha, e pelo que percebi, entra sempre em rivalidade com a mãe desta, talvez, inconscientemente, para impressioná-la, aliás, vemos como quer ser ele a amá-la mais a ela do que ela a si.

Temos Ray (Zach Galifianakis ) e Spencer, este leva-o a querer tornar-se num melhor pai, mas, como vimos já em duas temporadas, ele é preguiçoso demais para mudar. Ele quer ser pai, quer, mas “ser pai uma vez por semana é para ele uma actividade muito cansativa, porque não consegue nem tempo para passar pelas brasas por, pelo menos, dez minutos”. Quer dizer, ele não sabe que ser pai é um trabalho em tempo integral e não se pode (ok, talvez se possa) tirar folgas, a razão por que pessoas como ele preferem ser o “tio esquisito”. Ray é tão desligado que troca o filho num parque e nem percebe que o fez, a sua interacção com Spencer no primeiro episódio já tinha sido lamentável, aqui consolidou a incapacidade em ser pai. É claro que fiquei com pena que a mãe de Spencer não lhe permita mais ficar com ele, mas é bem justo, não vá acontecer a ele o que aconteceu o próprio Ray, criado por uma mãe alcoólica.

Jonathan (Jason Schwartzman) está mais que empenhado na sua busca pelo pai, mas, deixou bem claro, isso não que dizer que não ame ao seu pai que o criou. Provavelmente está a reflectir os valores da sua educação, e rendeu uma boa história a sua entrevista na televisão e o encontro com o seu némesis, Louis Green (John Hodgman), que definitivamente ainda não conseguiu superar a sua rivalidade com aquele, e pelo que parece, jamais conseguirá. Suponho, para justificar o seu ódio, que Louis vê no Jonathan a pessoa que podia ter sido para impressionar o seu pai. Aqui aconteceu a linha que deu título ao episódio, a história do “The Black Cock of The Time”, oh, desculpa, “The Big Black Cock of The Time”. Essa parte foi hilariante, a associação que a assistente fez usando o “big” que, conforme Louis, nem ele tinha dito, mas quem anda ou andou por sites porno sabe que nunca aparece a palavra “black cock” sem o “big” a precedê-lo, os famosos “bbc”.

Como sempre a complexidade (?) do “Bored To Death” não se deve à estrutura do trama, mas à característica dos personagens e da sua leitura psicológica. Eis um bom episódio.

6 de novembro de 2011

THE FADES, S01E05 (review)

Iaí pípoles, 


lembram-se daquela história de um grupo de putos encurralados numa escola e que têm de resistir a uma invasão de aliens… ou de zombies… ou de traficantes… ou de zombies… ou de vampiros… ou de zombies? Bem, este episódio é exactamente disso que trata. Não que eu seja contra clichés, principalmente quando são reinventados como as séries inglesas têm por uso, não, no entanto, apesar de divertido este episódio, foi bastante superficial, comparado ao episódio anterior.

Não é fácil manter o ritmo de uma história, é claro que quanto mais se aproxima do fim, mais pontos se põem em descoberto e as coisas se explicam e parece, porque está-se a chegar ao amarrar das pontas, que a intensidade aumenta, mas aqui não tive essa sensação, principalmente porque não houve praticamente nada de novo que me mostraram e não acreditei por momento algum que Paul (Iain De Caestecker) corresse ou correria perigo em momento algum, principalmente depois de ter entrado no modo Super-Homem (não o de Nietzsche, mas o da DC Comics), o que leva à única solução possível para criar sensação de perigo: pôr Lois Lane em risco, quer dizer, pôr os seus entes queridos em risco.

O episódio foi bem ritmado e foi divertido, mas não arrebatador como o anterior e, como já dissera, tirando uma ou duas coisas, praticamente sem nada de novo. Vou apontar os pontos de maior relevância.

A revelação da Sarah (Natalie Dormer) ter bebido sangue para ganhar carne e voltar para Mark (Tom Ellis) se surpreendeu a alguém foi talvez a quem se limita apenas a ver o que é mostrado no ecrã e quando faz associações fá-lo sem conseguir projectar. Todavia, apesar de não ter sido nenhuma surpresa, o momento escolhido para essa revelação e a ternura da cena foi de bastante impacto para dar uma espécie de relevância à questão.

Neil (Johnny Harris - um dos melhores, senão o melhor desempenho da série) é um personagem que, por vezes, foge do meu entendimento. A atitude que mostrou antes incentivando a Sarah a comer, a ajudá-la, na cena da banheira, e a atitude que teve ao raptar Mac foi, não sei dizer se foram a expressão máxima do desespero ou mostras de loucura própria desses cruzados idiotas que não vêm mais nada do que a sua causa.

Paul fechou o ponto de ascensão ao reencarnar, ou seja os que ficaram mortos não têm mais nenhuma solução a não ser tornarem-se “fades” ou então ir para as amazonas. Belo trabalho fez ele, ou seja, em vez de ajudar os outros só conseguiu ajudar-se a si mesmo.

O sacrifício de Natalie (Jenn Murray) para salvar John, o FC (Joe Dempsie), surpreendeu-me… principalmente porque eu não esperava lealdade entre os mortos. Ok, eu sabia que que John já se tinha arriscado por Natalie, mas de qualquer forma, não estou habituado a ver zombies com sentimentos. O que nos leva ao ponto: por que não merecem eles viver, depois de tudo o que sofreram? Talvez porque matam os outros para sobreviver, o que não é muito ético, embora nós matemos também outros seres para sobrevivermos. Aliás, como disse John a Paul: “ Eu quando mato, as pessoas voltam à vida, mas quando tu matas, vão de vez”; quem então é o pior dos dois?

As investidas de Mac (Daniel Kaluuya) a Anna (Lily Loveless) ou a reacção desta ao descobrir que Jay (Sophie Wu) afinal tinha outros interesses mais calmos do que ser popular garantiram o momento de comédia e foram bons, e eu gostei muito, porque receava que depois do que os dois primeiros passaram para ajudar a trazer Paul à vida, ela perdesse magicamente o seu carácter de megera, mas ela não foi descaracterizada, ganhando assim, na minha classificação, o primeiro lugar da megera mais agradável do ano.

Uma coisa extremamente errada foi a velocidade com que os fades de John voltavam à “carne”, por exemplo o psiquiatra de Paul ou o namorado da Anna, este último que tinha sido morto no dia anterior, enquanto Sarah levou mais tempo a conseguir carne… será da especialidade ou da quantidade de sangue ou será da que John ganhou poder de fabricarfades com mordidas? Outra coisa que não entendo é John ficar sempre com a roupa imaculada, apesar de morder sempre e esguichar sangue por tudo o quanto é lado, e mesmo quando veste depois a indumentária da vítima.

Apesar da queda de intensidade em relação ao episódio passado, “The Fades” continua bem.

5 de novembro de 2011

PSYCH, S06E02 – Last Night Gus (review)

E então Shawn disse: o meu dispositivo de dedos na sobrancelha está avariado


Digam que exagerei, mas quero dar 10 pontos a este episódio, apesar de algumas piadas que não funcionaram. E preciso de fazer uma review depois disso?

“Psych meets The Hangover”, podia ser este o título, e recomendo àquela malta de Hollywood, para quando forem fazer “The Hangover 3” verem este episódio de “Psych” e aprender como é que se faz comédia.

Quem começou bem esta temporada foi Woody (Kurt Fuller), a sua personagem, por ser um tanto esquisito, diferente da esquisitice de Shawn e de Gus, aumenta uma pitada à lista de esquisitice dos personagens. Já no episódio anterior teve o seu momento amplificado, mas a química entre ele e o pai de Shawn, Henry (Corbin Bernsen), não funcionou como neste episódio com os outros. Espero que ganhe mais tempo de antena, o seu humor lembra-me ao Dean Pelton de Community.

Eis a história desta semana: Shawn, Gus (Dulé Hill), Lassiter (Timothy Omundson) e Woody acordam sem lembranças nenhuma do dia anterior, e pelo que vão percebendo, podem ter lidado com traficantes e até morto uma pessoa… oh, não… duas pessoas! Ou pelo menos, Lassie pode ter morto. A cumplicidade entre os rapazes foi bem divertida. E foi também divertido ver Shawn a passar-se porque foi jogado para uma situação absolutamente fora da sua caixa de areia, onde não pode confiar na sua mente para lhe ajudar.

E ainda, a conversa de com a Juliet (Maggie Lawson) também teve a sua carga emocional positiva, pois além de servir um bocado para o lado cómico, deu a pincelada de romance que Psych insiste em usar, o que não me desagrada. Eu juro que pensei que Juliet ia dizer que Shawn lhe tinha pedido em casamento.

Se Psych continuar com este ritmo, acredito que esta será a sua melhor temporada, pelo menos este episódio é, já, um dos meus favoritos. E estou a sentir uma mudança no ritmo de Psych, mas ainda não me desagrada… por exemplo, uma particularidade no episódio anterior foi a cena usual das aulas de Henry com o “young Shawn” ter sido mostrado apenas no final do episódio, ok, serviu para fechar o pseudo-suspense sobre Shawn ter enganado o polígrafo. Neste, não fomos honrados com a presença do “young Shawn”, será que é porque não havia como Henry pudesse prever uma situação destas, ou querem mudar o estilo depois de cinco temporadas de quase mesma coisa e de um Henry que, ou é mesmo um psíquico, visto todas as lições que deu ao filho servirem para algo, ou é um professor e pêras?

Não gostei e achei improvável a reacção de Gus na reunião com Karen (Kirsten Nelson), teve piada, por causa da comédia corporal de Gus, e diz que ele está tão desesperado em marcar pontos que teve uma atitude que geralmente só Shawn teria, mas menos maduro em relação a este. Essa cena tirou a seriedade do episódio e daquela equipa de investigação, é certo que se comportam como crianças (por exemplo, a cena entre Shawn e Lassiter a brigarem com toalhas, entre inúmeras outras do episódio passado), mas aqui pareceu mesmo uma birra de jardim-infantil. Enfim… O melhor do episódio, no entanto, deveu-se também a Gus. A cena com Leroy, estando ele chapadinho da Silva foi hyper-hilariante.

Shawn: Senhoras e senhores… e Dwayne… apresento-vos o Sr. Leeeeeeeroy Jenkins.

3 de novembro de 2011

BORED TO DEATH, S03E02 – Gumball! (review)


Parafraseando não me lembro quem: um bom casamento constrói-se na cama.

Afinal, não só o casamento se constrói na cama, a amizade também pode seguir por essa via. Foi agradável ver os três mosqueteiros, ou os três parolos, a conversarem sobre os seus altos e baixos diários antes de dormir. É uma boa terapia e acredito mesmo que, num casamento, isso pode ser muito importante.

Sabemos que os três amigos são todos solteiros, ou melhor, dois solteiros e meio, mas a sua amizade é mais comparável a um casamento do que a relação entre Ray (Zach Galifianakis) e Leah (Heather Burns), porque parece que estão sempre prontos para ajudar um ao outro… ok!, está bem, vamos esquecer o facto de Ray preferir deixar Jonathan (Jason Schwartzman) pendurado durante uma hora em risco de vida para fazer sexo anal com Leah, o que, consequentemente, pode destruir a minha teoria.

O episódio não teve a intensidade emocional do anterior, entretanto teve belos momentos cómicos, e, praticamente, todos à custa de George. Ok!, não há como negar que Jonathan e Ray nem precisam de falar para ter piada, são bons em humor físico, George, que também é competente nessa área, ou seja, o melhor, ganhou o episódio, com a sua história paranóica de perseguição.

A trama com a loira, bem, eu esperava que se desenvolvesse mais e se estendesse talvez até o final da temporada. Jonathan como fugitivo parecia-me bastante promissor, mas, bem, foi divertido os minutos que durou, acho que os argumentistas não queriam tramas mais complexas e por isso tudo foi resolvido em dois tempos e meio numa linha tão barata e simples, o que por vezes irrita, mas não é nenhuma surpresa, considerando que em questões de linearidade ”Bored To Death” só perde por uma linha recta.

A história começou uma hora depois do anterior, com Jonathan pendurado no relógio, o que me deixou a pensar como é que o gajo continuou exactamente no mesmo sítio e não foi parar no centro da roda quando bateu as 11:00, visto que o ponteiro nesse instante estaria na vertical e ele deslizaria facilmente. Mas não importa, nem importa que Ray tenha saído do carro, subido as escadas, falado com os inquilinos, sem ter passado um único minuto, porque tudo isto são apenas apontamentos, considerando que a série não prima pelo realismo, fazendo com que apontar essas falhas é como procurar erros no filme “Scray Movie”, pois acaba-se por não saber se estão lá pela desatenção dos argumentistas ou do realizador ou se têm de estar lá para a história conseguir o que quer.

Apesar do foco ter sido o limpar do nome de Jonathan ainda tivemos vários momentos para abordar a questão da paternidade que, agora é definitivo, é mesmo a linha principal desta temporada; Jonatham que descobriu que o seu pai não é o seu pai, George que não sabe lidar com o facto da sua filha querer casar com alguém da sua idade, e Ray todo emocionado com o facto de ter Spencer na sua vida, um pequeno e verdadeiro Little Ray que ele poderá influenciar (o que sinceramente espero que não aconteça).

“Bored To Death”, aqui, não aqueceu, mas arrefeceu depois de uma introdução bastante apetecível, mas no quesito da comédia, que é o mote da série, esteve bem, o que me leva a questionar: porque será que mesmo as séries de comédia precisam de drama para serem mais interessantes? Será que é porque se não fosse dessa forma seriam iguais a um “stand-up comedy” ou a amarrados de sketches com piada, como os filmes de Álvaro Vitali?

Howard (para Ray): Eu consigo um uniforme de piloto gordo em 20 minutos.

Ray: Eu quero um uniforme. Não é para ti.

1 de novembro de 2011

THE FADES, S01E04 (review)


Iaí, pípoles, 


lembram-se daquela história… oh, esqueçam a história. “The Fades” é um tremendo espectáculo. Na semana anterior eu disse não ter gostado muito do episódio, vendo este último episódio e fazendo a ponte, tudo o que fora obscuro no anterior ficou agora clarificado, é claro que a razão do Neil (Johnny Harris) não ter sido comido vai sempre continuar um mistério, e faz-me ter uma outra perspectiva do episódio anterior. Se o anterior centrou-se no desespero, este aqui voltou-se para o amor, a necessidade dos outros na nossa vida, e a abordagem foi soberbo.

Temos o Fades’ Chief – FC ­– (Joe Dempsie) a explicar-se ao Paul (Iain De Caestecker) e não há como não sentir empatia por ele e não compreendê-lo, pelo menos eu, aliás já no episódio anterior dizia que se fosse a Sarah (Natalie Dormer) talvez tentasse ganhar carne para ficar com quem amo. Os angélicos, talvez tenham razão ao recusarem ajuda aos Fades, mas da forma com o FC contou a história eles não pareceram lá assim tão angelicais. Não fosse a quebra de promessa do FC e de ter morto Maddy (Genevieve Barr), eu teria ficado dividido entre o lado dele e o de Neil.

Neil desmoronou-se todo, estava desesperado por ter sido abandonado por Helen (Daniela Nardini) e a morte do Paul foi a gota de água. E mesmo para o Paul as coisas não estavam muito bem, tinha encontrado no Neil uma espécie de, digamos assim, substituto paterno, estava a consolidar-se mentalmente e de repente, pumba!, o choque da morte, talvez tenha sido essa a razão para ir na cantiga do FC com tremenda facilidade… bem, na verdade eu também cairia.

E o Mac (Daniel Kaluuya), voltou a ganhar destaque e foi soberbo. A cena no hospital, na sala de espera, jogando a palavras cruzadas com as três mulheres, tentando projectar nelas a figura do amigo, e a cena com a mãe de Paul (foram simplesmente de tocar a alma. Aliás, The Fades foi muito enternecedor neste episódio, tanto a conversa de Anna (Lily Loveless) com Jay (Sophie Wu), cada uma mostrando a sua dor à sua maneira – e não há como não gostar momentaneamente da Anna quando ela diz que a mãe preferia a ela na marquesa no lugar de Paul; Mark (Tom Ellis) na cama a conversar com Sarah foi outro momento alto; mesmo a história do FC foi bastante tocante.

As coisas estão para pior para os intervenientes que não estejam com os Fades, e o que não consigo saber é se o propósito de Sarah de comer carne tem mesmo a ver com a sua vontade de destruir os Fades, por outras palavras, autodestruir-se, ou de ganhar carne e voltar para Mark.

A cena no local de ascensão surpreendeu, e como! Aquela no hospital, da ressurreição, com as borboletas a voar, foi cinematograficamente soberba, com uma boa fotografia e bom jogo de luz e a música escolhida ajudava ainda mais a manter a tensão.

Este é por enquanto o melhor episódio do Fades, que está em óptimo crescendo, descontando o episódio anterior que, com este a servir de muleta consegue valorizar-se mais. Mas, sempre gostaria de saber: o que farias tu no lugar do FC?

Iaí, pípoles, lembram-se daquela história… oh, esqueçam a história. “The Fades” é um tremendo espectáculo. Na semana anterior eu disse não ter gostado muito do episódio, vendo este último episódio e fazendo a ponte, tudo o que fora obscuro no anterior ficou agora clarificado, é claro que a razão do Neil (Johnny Harris) não ter sido comido vai sempre continuar um mistério, e faz-me ter uma outra perspectiva do episódio anterior. Se o anterior centrou-se no desespero, este aqui voltou-se para o amor, a necessidade dos outros na nossa vida, e a abordagem foi soberbo.

Temos o Fades’ Chief – FC ­– (Joe Dempsie) a explicar-se ao Paul (Iain De Caestecker) e não há como não sentir empatia por ele e não compreendê-lo, pelo menos eu, aliás já no episódio anterior dizia que se fosse a Sarah (Natalie Dormer) talvez tentasse ganhar carne para ficar com quem amo. Os angélicos, talvez tenham razão ao recusarem ajuda aos Fades, mas da forma com o FC contou a história eles não pareceram lá assim tão angelicais. Não fosse a quebra de promessa do FC e de ter morto Maddy (Genevieve Barr), eu teria ficado dividido entre o lado dele e o de Neil.

Neil desmoronou-se todo, estava desesperado por ter sido abandonado por Helen (Daniela Nardini) e a morte do Paul foi a gota de água. E mesmo para o Paul as coisas não estavam muito bem, tinha encontrado no Neil uma espécie de, digamos assim, substituto paterno, estava a consolidar-se mentalmente e de repente, pumba!, o choque da morte, talvez tenha sido essa a razão para ir na cantiga do FC com tremenda facilidade… bem, na verdade eu também cairia.

E o Mac (Daniel Kaluuya), voltou a ganhar destaque e foi soberbo. A cena no hospital, na sala de espera, jogando a palavras cruzadas com as três mulheres, tentando projectar nelas a figura do amigo, e a cena com a mãe de Paul (foram simplesmente de tocar a alma. Aliás, The Fades foi muito enternecedor neste episódio, tanto a conversa de Anna (Lily Loveless) com Jay (Sophie Wu), cada uma mostrando a sua dor à sua maneira – e não há como não gostar momentaneamente da Anna quando ela diz que a mãe preferia a ela na marquesa no lugar de Paul, o que se confirmou nas palavras desta depois, algo como: Anna nunca esteve onde era precisa; Mark (Tom Ellis) na cama a conversar com Sarah foi outro momento alto; mesmo a história do FC foi bastante tocante.

As coisas estão para pior para os intervenientes que não estejam com os Fades, e o que não consigo saber é se o propósito de Sarah de comer carne tem mesmo a ver com a sua vontade de destruir os Fades, por outras palavras, autodestruir-se, ou de ganhar carne e voltar para Mark.

A cena no cemitério surpreendeu, e como! Aquela no hospital, da ressurreição, com as borboletas a voar, foi cinematograficamente soberba, com uma boa fotografia e bom jogo de luz e a música escolhida ajudava ainda mais a manter a tensão.

Não me sinto inteligente hoje e vou parar por aqui, porém, este é, por enquanto, o melhor episódio do “The Fades”, que está em óptimo crescendo, descontando o episódio anterior que, com este a servir de muleta consegue valorizar-se mais, e tenho dúvidas sérias se conseguirão superá-lo.

E outra coisa, sempre gostaria de saber: o que farias tu no lugar do FC?