8 de julho de 2011

RAPAZ FORMIGA, O, 2006 (The Ant Bully)


Foram vários filmes que vi nas três últimas semanas e que me fizeram querer falar sobre eles, entretanto, o que mais se destacou no meu conceito foi O Rapaz Formiga (The Ant Bully) – conhecido pelas bandas da Terra de Vera Cruz por Lucas, Um Intruso no Formigueiro –, porque é um filme de criança muito educacional e bem adulto.

Ok, eu sei que não é o primeiro do género que aborda temas como a comunhão de espécies, e é por vezes bastante cliché, no entanto, o seu ponto moral de a união faz a força é algo do qual parece que precisamos constantemente de ser lembrados.

A história d’ O Rapaz Formiga é a seguinte: Lucas, um rapazinho que apanha dos colegas da vizinhança por ser pequeno, torna-se intratável e mal-humorado, e para compensar-se da violência que sofre, destrói as colónias das formigas do seu jardim. Entretanto, um fomiga-mago resolveu castiga-lo reduzindo-lhe o tamanho, obrigando-o assim a sentir na pele o que ser formiga.

trailer

O Rapaz Formiga mostra um contraponto a nossa sociedade actual, onde as pessoas do mesmo ninho vivem isoladas umas das outras, sob o lema de cada um por si, o que piora cada vez mais, porque antes ainda pelo menos se dizia: e deus por todos, e esse contraponto é a organização de uma colónia de formigas. Formigas pequeninas que conseguem criar e transportar enormes quantidades de comida e porcarias porque trabalham em conjunto e para um bem comum.

O Rapaz Formiga também foca um outro aspecto, o bullying, que funciona por deslocação de agressão, e que aqui é justificada por: eu sou grande e tu és pequeno. Uma justificativa bem simples, mas bem preocupante, porque realmente nos fazemos mal uns aos outros, não porque temos um fim nobre em vista (o que a princípio já é uma contradição), mas porque podemos… só isso. Só nos sentimos poderosos quando podemos pôr os outros em aflição, ajudar não conta, porque o altruísmo é distorcidamente um sinal de fraqueza. E ainda, embora de maneira leve, roça uma questão: o sucesso dos videojogos violentos é um sinal de transferência de agressão ou é a manifestação da nossa agressividade e que nos leva a ser mais violentos?

casting
como podem ver, o bom trabalho do casting reflecte na qualidade do filme

Duvido muito que O Rapaz Formiga pretenda dizer aos putos para não inundarem as colónias dos insectos, ou às pessoas para não pulverizarem as suas casas, mas sim tocar num ponto da nossa moral doentia que justifica a nossa crueldade em relação às outras espécies com a nossa superioridade animal e necessidade de sobreviver. O filme mostra que a natureza usa a natureza para sobreviver e que nesse processo há a destruição de outras espécies, mas, antes de tudo, isso não se dá por simples necessidade lúdica. Aliás, quando numa conversa Lucas refere-se a diversidade humana, a questão é transportada para outra vertente, que não a do choque entre as diferentes espécies, mas aos problemas sociais originados por diferenças de todo o género: do tamanho, do credo, da raça, da orientação sexual, da orientação política e etecetera, aliás, parece que somos mais preocupados a procurar as diferenças uns nos outros do que a similaridade.

Outro questão que o filme toca, mas de pouca relevância aqui, é necessidade de uma fé, de um ser superior que trará maná, leite e mel e fará toda a gente viver em paz, há quem acredita que seja um deus, houve quem acreditasse que seria a ciência, de qualquer maneira, Deus nunca vemos, mas o mal, esse sim, existe e aparece.

Tecnicamente falando, O Rapaz Formiga sustenta-se bem, o filme já tem os seus cinco anos, e como já vi vários mais recentes e com uma animação de melhor qualidade, não consigo evitar comparações. Mas a qualidade, de qualquer maneira, está à altura e não afecta em nada o desenvolvimento da história. E o antagonista principal parece metido ali à marretada. Entretanto, O Rapaz Formiga é um filme que deve ser visto com as crianças e que a seguir deve ser acompanhado com uma explicação dos adultos, para que elas não se foquem apenas no de aventura da história. Procuremos a nossa formiga interior para podermos viver melhor em paz e trabalharmos em prol de um fim comum. Um filme a ver.

o puto aqui de certeza que viu o filme



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