14 de agosto de 2009

ERÓTICO OU PORNOGRÁFICO - no plano literário



Há uns bons pares de anos, na Inglaterra, um senhor chamado John Cleland resolveu escrever um livro pornográfico e imoral, contrário aos costumes de bons cristãos e civilizados - na altura -, o que lhe valeu a cadeia, - hoje -, um clássico da literatura erótica, e não só.

Cleland descrevia no seu livro aspectos sexuais, considerados libertinos, mas que eram mais praticados pelas próprias pessoas que publicamente os condenavam, estou a falar da classe média alta. Ainda hoje, as pessoas que mais se entretém com práticas sexuais de toda a sorte, que realizam grandes orgias e poderiam ser os mais sexualmente pervertidos se escrevessem duas linhas das práticas em que se envolvem, são os da classe alta, pessoas endinheiradas, pois têm-no... o dinheiro... são eles os políticos, os moralistas, os religiosos, os pais defensores da moral, etc. Enquanto estão a dar cara na televisão, nos jornais, atacam o sexo com todas as armas que têm, cantam a moral e glorificam a abstenção, mas longe dos olhos da média, a história já é outra.

No livro de Cleland, são visto nobres senhoras e os seus nobres senhores reduzidos a nada diante da fome sexual, ou da satisfação dessa fome, contrariando o adágio de que apenas a morte iguala os homens. A classe média alta pode fazer o que lhe dá na gana, mas até estas satisfações mais básicas querem e tentam retirar aos mais desfavorecidos na hierarquia das castas.
Ontem, Fanny Hill, As Memórias de uma Mulher de Prazer, era considerado um livro imoral e pornográfico, não obstante tivesse sido um best-seller na mesma época em que foi condenada, atestando desta maneira a hipocriasia que norteia os julgadores.
Eu não cheguei a ler Fanny Hill, só vi filmes, três versões, o que li foi A Filha de Fanny Hill, de autor anónimo, mas que se crê ter sido escrito pelo próprio Cleland, visto quando foi libertado por causa do Fanny Hill lhe ter sido imposto não voltar a escrever coisa do género, e, segundo o prefaciador, o estilo dos dois é similar.
Se o estilo é similar, sendo delicioso A Filha de Fanny Hill, e sendo uma sequela, presumo que Fanny Hill também seja delicioso. Ainda hoje deve haver certamente quem chame a este livro de pornográfico e imoral, (eu pessoalmente não sei distinguir a literatura, em prosa, pornográfica da erótica), mas se pornográfico consiste em utilização dos vocábulos "xungas", tal como caralho, cona, etc, então o livro não é, e muitos outros livros que não tratam de sexo, são pornográficos, aliás, o livro nem usa termos anatómicos, como pénis, vagina, e companhia, mas fala de lanças, botãos, heranças, e outros. O livro foi um dos mais éróticos que já li, senão o mais, mas vem numa linguagem que não chocaria nem a madre Teresa.

Na altura em que li A filha de Fanny Hill, li muitos outros, alguns títulos colhidos do Sete Minutos de Irving Wallace, um dos meus escritores preferidos... estava em constrante procura de materiais para as minhas sessões de onanismo... e, sim, concordo quando dizem que alguns livros são pornográficos e imorais (embora continue sem saber o que isso quer dizer), li o Trópico de Câncer ou do Capricórnio, já não lembro qual deles (vi o título num filme com Robert de Niro, Cabo de Medo e depois no Sete Minutos), a ideia era ler a trilogia de Henry Miller, mas fiquei-me nesse porque era simplesme sem sentido, palavras atiradas à toa no meu entender. O livro não era erótico, por não estimulava nada, não era literatura porque eram só palavras ordinárias e referências ordinárias, embora isso não significa nada, pois li um tal Bobowski, ou não-sei-quê (não me lembro do nome), Mulheres, esse era ordinariéssimo e vulgar, mas era boa leitura e conseguia ser erótico.

Agora vou voltar ao Fanny Hill. Lembrei-me de escrever este post, porque há dois dias, vi, coisa estranha, no comboio quatro senhoras a ler o mesmo título, Fanny Hill, os livros eram os mesmos, ou seja, da mesma editora, o que me fez pensar: Fanny Hill está em voga outra vez e a vender como o diabo, e por quê?, porque as pessoas torcem o nariz quando se fala de sexo, mas aguçam os ouvidos. Eu não leio livros eróticos simplesmente pela literatura e prazer de ler, como já referi, mas pelas minhas práticas solitárias propriamente, e fiquei admirado que, tal como ninguém gosta de ver pornografia em público, as senhoras estivessem a ler no público o Fanny Hill. Se elas estivessem a ler Milos Manara seria mais agressivo do que estarem a ler Cleland? É esta a diferença entre a pornografia e o erótico? Manara é porno, porque tem imagens? Nos filmes eu sei que quando não há penetração explícita (não falemos de sexo explícito que isso é para enganar), diz-se erótico, mas na literatura, como classificar? Em banda desenhada, como distinguir o porno do erótico? Engraçado, já em banda desenhada eu leio mais o erorismo pela arte do que propriamente pela recolha mental de material.

E Agora, outra questão, qual é o ponto deste post, juro que não sei. Mas a ditas senhoras no comboio, eram mais corajosas do que eu, a não ser que estivessem a pensar que ninguém saberia pelo título do conteúdo do livro, tendo em conta que a maioria só vê televisão e só conhece as bibliotecas pela fachada, e embora eu pensasse que estou quase livre dos preconceitos sexuais, não estou, pois fiquei chocado naquela altura que senhoras estivessem a ler Fanny Hill em público.

4 de agosto de 2009

A HOMOSSEXUALIDADE É DOENÇA

Estive a ler Yvan Lerger, Desvios Sexuais, no capítulo onde ele fala de homossexualidade, refere-se a essa questão como se fosse uma doença. Eu não sou psicólogo, mas confiro-me autoridade, ou pelo menos bom senso, suficiente para contrariar esse senhor, autoridade esta apoiada nos seguintes artigos (só de exemplo): este e mais este.


É ridículo considerar homossexualidade uma doença só porque a tendência geral é a heterossexualidade. Aliás, se formos ver bem, então doentes neste planeta seriam os honestos, altruístas e ateus, porque somos ensinados que o mundo é cruel e portanto temos de sê-los também para poder sobreviver. Mas isso não é assunto para este capítulo.

Entretanto, vou dar um desconto ao Dr. Yves considerando a época em que escreveu esse livro e mentalidade que imperava nessa altura, vou fechar os olhos e não ver que por causa de autoridades, moralistas ou científicas, tendenciosas é que o nosso mundo continua estagnado em preconceito vários. Bem como Pierre Boulle n’O Planeta dos Macacos com maestria ridicularizava: uma sociedade de orangotangos que mandam na ciência com dogmas e tretas não permitindo que se chegue ao passo seguinte porque têm medo de ver a sua autoridade derribada.

A homossexualidade (isto para alguns idiotas preconceituosos que se julgam sábios e andam por aí, facundos, a pregar preconceitos contra os homossexuais) não é doença, não significa instabilidade mental, significa simplesmente escolha, ainda que inconsciente. As pessoas não nascem homossexuais, não nascem heterossexuais, não nascem coisa alguma, simplesmente são educadas ou fazem a sua escolha por motivos diversos algures no caminho da sua vida enquanto se formam e se consolidam. Homossexualidade é doença? Ridículo.

Não bastam os religiosos, com as suas cruzadas fictícias, a chatearem os homossexuais… não bastam os hipócritas que curtem bué um show de lésbicas, mas atacam os homossexuais masculinos, porque são contra a homossexualidade… não basta o medo de ostracismo pela sociedade… ainda vêm psicólogos ou sexólogos a escreverem livros com finalidade de instruir uma massa a dizer que a homossexualidade é doença!!!

Porra! Se formos ver bem, doentes seriam os heterossexuais. Pelo menos até hoje ainda não tive conhecimento de uma violação “homossexual”, possivelmente temendo o estigma, tal como muitas mulheres não participam quando são violadas, os homens muito menos o fazem. Alguém pode objectar dizendo que nas prisões ocorrem violações homossexuais, mas eu diria não, pois os que violam os outros na prisão são heterossexuais. E sabemos bem dos tipos de psicoses que espaços fechados como prisões podem criar nos indivíduos.

pelo menos tem a sua piada
Eu fui criado heterossexual, e confesso ter também alguns preconceitos em relação a homossexuais, preconceitos estes cada vez mais minimalizados... mas todos dizem que cada um manda no seu rabo, cada um tem o direito de fazer o que quer com ele (alusão a homo-homens), então por que tanta algaraviada pelo rabo alheio? 

E se se estranha a alguém como é que um homem pode gostar de sexo anal (estou a tentar usar uma linguagem menos chunga) ou de beijar outro homem, pode simplesmente pensar como é que as mulher gostam de sexo anal e de beijar-nos. Se elas adoram quando nos beijam, porque não poderia um outro homem adorar quando beija um igual? Se elas gostam do sexo anal, porque não gostaria um homem? Nós somos moldados pela nossa educação e ficamos presos a isso, mas lá porque outras pessoas comem diferente de nós não significa que sejam doentes e nem que devem ser maltratadas (em todas as acepções da palavra e em todas as outras que ela pode obter)… revisem a questão na vossa cabeça.