30 de agosto de 2007

ATIRE A PRIMEIRA PEDRA QUEM NUNCA....

Reza a lenda que havia um tipo que era de um calibre tão grande, tão grande, que nem com um burro se comparava, chamava-se Minotauro. E na cidade onde vivia, havia uma santa mulher que costumava ajudar todos os homens. Quando ela ajudou o Minotauro, os homens ficaram com ciúmes, porque julgaram que nunca mais seriam ajudados, e em vez de implicar com o Minotauro, porque ele marrava rijo, resolveram voltar o ódio para a mulher. Quiseram matá-la à pedrada, acusando-a de ser muito filantropo. Então o Minoutaro disse: Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra… Bah, isto está mole e chato, acho que todos vocês já conhecem esta lenda; mas vou continuar… Foi horrível a morte da mulher, ficou enterrada em pedras.


O que me fez lembrar da lenda? Simples… sabem como é?, há sempre aqueles dias em que somos apanhados por coisas que considera ninharia. Hoje apanhou-me a televisão: Dominó, o nome do programa (depois, vou enviar uma carta a SIC a ver se me paga pela publicidade). Li no rodapé: procuradas e mal pagas. Fiquei admirado, vão falar de putaria a esta hora?, pensei. Não sabem que tem putos a ver o programa? (Até que calha bem por sonoridade: putos e putaria). Mas não, não era de putaria que se estava a falar, pelo menos, não da putaria explícita.

Falava-se que as Chaves andam a frequentar festas que são pagas para ir. E acreditem ou não, os convidados estavam tão empolgados a discutir que pensei primeiro que aquelas Chaves de que estavam a falar deviam ser as chaves do cofre do Estado, mas qual! Eram as manas boazudas. Mas isso até que não tinha importância, até a parte em que uma das apresentadoras começar a fazer caretas e a dizer que não concordava que as manas devessem receber e que se elas arranjassem trabalho, não tinham que fazer isso e ganhavam mais ainda.

Filha da puta! (foi o que disse ao ouvi-la). Quer dizer, lá porque as Dianas são mais boas, ou mais extrovertidas (sei lá se são) e são mais apreciadas, é razão para que a tal apresentadora (não lhe sei o nome) se ponha com toda aquela inveja a falar? Quer dizer que aparecer na TV em programas de amolecer a cabeça do povo é mais respeitável do que aparecer pontualmente nas noites para endurecer a outra cabeça dos homens?

Não que seja fã das Chaves, só não gosto de pessoas invejosas. Trabalho é trabalho, seja como prostituta (que é fodida e paga) seja como político (que fode e ainda cobra).

Não gosto de dar explicações, mas se alguém ainda não entender por que me lembrei da lenda, eu vou-lhe contar: porque todos pecamos, mas todos continuamos a julgarmo-nos santos.

25 de maio de 2007

HORAS NEGRAS

Há vezes em que uma pessoa não sabe mesmo o que quer. Diz uma e faz outra, promete e não cumpre, pensa que sabe... mas não sabe nada. Há vezes tão negras na alma da pessoa que ela não consegue desfrutar nem mesmo de um sorriso que parece a mais sincera coisa no mundo. Durante esses momentos tudo parece preenchido de tristeza, miséria e falsidade; mesmo no meio de uma multidão a pessoa sente-se solitária, abandonada numa extrema solidão. As palavras deixam de soar, parecem sem sentido, as luzes apagam, o barulho não se distingue do silêncio, é tudo uma mistura caótica. Esses são os momentos infernais de uma alma.

São nessas horas que percebemos o quão ridículo é o mundo e como é enevoada a nossa consciência.

São nessas horas que, sem confiança, caminhamos numa ponte como se estivéssemos a cair num abismo... sem fé, sem certeza, com o céu carregado de nuvens plúmbeas a ameaçar desabar num temporal.

São nessas horas que não conhecemos o credo, não podemos mais confiar nem em nós mesmos, nem em pessoa alguma. Essas horas melancólicas acontecem quase sempre, a maior parte das vezes temo-las no fundo recalcadas, mas outras vezes saltam à vista, colando-se à pele, orientando os nossos comportamentos.

São horas do engano, em que usámos palavras sem saber verdadeiramente o que significam, que usamo-las tantas vezes e em tantas ocasião e com tantas pessoas que nem sabemos qual devia ser a verdade e qual não. Tantas que nem sabemos que estamos a mentir ou que somos vistos a mentir, pois ficamos viciados nessa mentira. O corpo, muitas vezes, não alinha, os olhos são também um inimigo, a mentira e dita mas não convence, pois os actos gritam o contrário.

São essas horas de logro, horas nuas e cruas, e cruéis ainda por cima que nos martirizam, que nos chamam lágrimas aos olhos. São nessas horas que percebemos que nada é nosso, nem mesmo o sonho que nasce na nossa cabeça, porque depende de outrem.

São nessas horas que percebemos que a única coisa que nos resta são as mágoas que nos incham o peito, sufocando-nos com soluços e tremores. A respiração corta, asfixiados pelos pensamentos, sacudidos pela tristeza e desilusão de ter confiado, chorando por uma inspiração errada, tentando desvanecer os conflitos interiores e agitar para quebrar as cadeias que nos acorrentam… Enfim, chovemos em desfeitas, ais, juras e tormentos. Parece-nos toda uma existência jogada fora, todo o tempo que podia ser precioso enclausurado num frágil ovo e desvalorizado. A nossa visão fica esfumada, não nos apercebemos do que se passa, o nosso ser é adulterado; não mostramos o que somos, ostentamos máscaras e vemos apenas o que queremos ver. No fim do teatro, quando o pano cai e as máscaras são postas de lado, a verdade aflora e a desilusão nasce. O pior é quando pensámos com cérebro de ouro e acabámos por ver pensamentos de lama. Grande desilusão.

A verdade é tão vedada que parece não existir, o sincero mistura-se com o falso, a animalidade com a santidade, o inferno e o paraíso não se separam… enfim, ninguém há que possa fazer um juízo justo e equilibrado. Que dizer quando não se tem voz? A mudez é o melhor remédio… se não cura, pelo menos não complica. É quando se diz: o incomodado que se mude; e é quando não se sabe dizer se o incomodado é o próprio incómodo.

Não há pior momento que o cair acidental das máscaras. Apanha-nos de surpresa, e não só a nós, mas também ao mascarado e principalmente a ele, pois nunca espera revelar a identidade.

É… foi sempre assim e assim continuará a ser até os homens começarem a mudar de casca. Estaremos sempre de máscaras prontas e a fazer política do ego. Quem é enganado não é estúpido, deixa-se enganar, é idiota.

São nessas horas em que não enganamos e somos enganados, em que acreditamos no que não devemos é que chamamos o nosso pesadelo e pintamos de negro a existência.

16 de maio de 2007

MADDIE vs MARIAS

Arrisco a passar-me por insensível, mas não sou, e tenho amigos que o possam confirmar, entretanto vou falar aqui de um tema muito forte, e tenho impressão de que vou ferir sensibilidades, mas espero que não seja por isso que não deva falar disto.

Bom, cá vou eu. Nos últimos dias em Portugal, não há quem veja TV, ouça rádio ou lê jornais... ou ainda, use net... que não saiba que foi raptada uma menina com nome Madalena (escreve-se em inglês, pois ela é inglesa, mas eu não sei escrever o nome dela bem e não queria arriscar-me a errar). Eu sou contra rapto de qualquer espécie, o que quer dizer que o facto de terem raptado Madaleine (acho que é assim que se escreve) choca-me. Porém, todos os dias, recebo mais de quatro mails com fotos dela, mails de carácter de urgência e outras até com poemas dedicadas. Nos jornais... Enfim, a média está infesta de Maddie (é o diminuitivo dela)... Bom, talvez seja melhor usar outro vocábulo, e dizer as coisas noutro tom, só não sei a forma mais politicamente correcta para dizer isto. Mas vamos lá.

Portugal parece estar em reboliço porque desapareceu Maddie, e isso, acho eu, só porque ela se chama Madeleine, pois se fosse Madalena, ou Maria, não se preocupavam assim tanto. A imprensa estrangeira também está em Portugal, não se sabe se realmente preocupada com a pobre Maddie, ou se para curtir umas férias no Algarve disfarçadas de ordem de trabalho, pois na Inglaterra, na França, na Alemanha, no resto da Europa, parece que desaparecem por ano mais pessoas do que aqui, mas porque é que não fazem todo esse alarido lá? Tem alguma coisa a ver com política o facto de estarem a chover jornalistas cá por causa da Maddie? Será que se quer passar a ideia de um Portugal mais vulnerável para mobilizar fundos e ajudas da UE? Esse não é meu ramo, vou deixar de conjecturas.

Na África estão a morrer de fome, de guerra e males de toda a sorte, crianças que o mundo nega; nos países do terceiro mundo, em geral, crianças são raptadas, violadas, exploradas sexualmente, mas não há tanta imprensa à volta disso, e os internautas portugueses estão em paz de Deus.

Mas, isso é compreensível, pois esses países estão muito longe, e o caso Maddie aconteceu debaixo das nossas barbas (no nosso queixo?).
Mas a questão que se põe é: desaparecem em Portugal muitas Marias que não são faladas porque são Marias, outras que nem se sabe que desapareceram porque são filhas de imigrantes ou filhas de pobres.

Não pensem que sou contra Maddie, Deus me livre disso, mas sou contra essa hipocrisia barata e fodida com que se impregna as coisas para provocar outros efeitos. Parece-me que quem na verdade se está a lixar para Maddie, são os seus pais, familiares e amigos. Para a PJ é só um caso, para a Imprensa, uma notícia, para o povo, motivo de conversa, para o internautas, lixo electrónico.
Na verdade, quem é que olha para a cara de outras pessoas nos sítios públicos para saber o que está essa pessoa a sentir, se está a ter ou não um belo dia, com intuito de ajudá-la (mas vou fazer disto a razão de um próximo post, e vou voltar a Maddie). Sendo as pessoas como são, posso crer que encontraríamos com Maddie dez vezes na rua, apesar de termos recebido mil vezes a sua foto na net, e ainda assim não a reconhecíamos, pelo simples facto de que estamos a lixar-nos para as pessoas com quem nos cruzámos.

O texto já está a alongar demais, quando começo a falar, não consigo parar. Só quero acrescentar mais uma coisa, quando vão mandar fotos da Maddie no vosso próximo mail, não se esqueçam de adicionar as fotos das Marias.

12 de maio de 2007

NO PRINCÍPIO


Ab ovo eu não existia, mas quando comecei a existir foi o princípio, o princípio do mundo. Isto é relativo, eu sei (maldita a hora em que Einstein foi criar este conceito - como disse um amigo - pois hoje tudo o que se diz, remata-se com: é relativo), mas o mundo antes de eu, embora pudesse já ter existido, e descobri depois que já existia, não me dizia nada. Tenho impressão de que a toda gente.

Isto aqui é uma tentativa patética de começar este blog. Quer dizer, devem existir por aí blogs mais patéticos que este meu começo... mas tem que se fazer alguma coisa.
Estive a pensar: o que é que se pode escrever para chamar à atenção? Sei lá! Lembro-me que já tinha começado um blog, o qual abandonei porque era fodido de trabalhar (Ah! vou avisar que por vezes uso linguagem vulgar) e estava a dar erros e acho que fiz ali esta mesma pergunta.

Confesso não saber o que devo escrever para ser interessantes, mas aviso desde já àqueles que esperam encontrar aqui respostas sobre a existência, ou dicas de como ser um engatatão (ou engatatona), ou relatos à maneira da puta surfista, ops!., quer dizer, Bruna Surfistinha, para fecharem a página. Pois eu vou fazer como todos os desiquilibrados que andam por aí a escrever parvoíces, vou escrever parvoíces.
Entretanto, até lá.

2 de fevereiro de 2007

FETO EXPULSO VS CRIANÇA ABANDONADA

Wrestling! Definição.

Alguns dizem que é um desporto, outros que é teatro, há ainda aqueles que afirmam que é uma treta infantil com gigantes adultos e uns manipuladores de massas populares com Q.I. reduzido e saudosas do circo romano. O polegar para baixo: mata. Desde que cheguei a Portugal que estou a ver essa febre, até já estou a conhecer o nome dos tipos, e vou confessar (sinto-me envergonhado, mas tem de ser), até já vi alguns combates na TV.

Não sou português, talvez não devesse falar de assuntos portugueses, mas há aqueles que embora situem numa determinada fronteira, são internacionais, pelo que julgo que de tal forma que posso falar de Saddam sem ser iraquiano, posso falar do maior combate do wrestling português.

Em dois cantos opostos do ringue temos: Feto Expulso e Criança Abandonada. No dia 11, ao vivo e em directo, vai ser passado a digladiação, só que este combate não é a símulação de costume, portanto dispensa “pípolis” com Q.I. de dois dígitos e manipuladores hipócritas e conturbadores das massas e exige um elevado grau de bom senso e capacidade de raciocínio.

Para os que pensam: SIM ou NÃO ao aborto! Eis a questão.

Qualquer que seja a natureza de uma decisão, sempre parece ser algo difícil de tomar, mas todas elas decisões, por mais questões que envolvam, resumem-se numa dualidade: ou o sim ou o não. E é isso que se pede ao portugueses.

Eu não vou votar, mas o meu voto seria de certeza aquele que daria vitória ao lutador que eu escolhesse, e gostava que tu que está ler isto tivesse esta mesma certeza.
Bom, sendo que não posso fazer mais nada só vou deixar aqui algumas perguntas, que certamente outros já tinham feito:

  1. Homicídio é quando se mata um homem, um humano vivo. Um feto é um ser humano? Um feto ou uma criança na barriga tem direito a B.I. ou ser inscrito na Segurança Social?
  2. Hipocrisia é quando... ora, toda gente sabe o que é hipocrisia. Será que é justo só alguns poderem viajar para lá fora irem receber tratamentos que aqui impedem aos restantes?
  3. A lei é dura mas é a lei. Será leial prender uma adolescente de 14 anos que cometeu aborto porque não podia ter esse filho?
  4. O amor educa mas não paga a educação. Será lícito uma pessoa ser obrigada a ter um filho que não deseja e não ter dinheiro depois para sustentá-la?
Acho que estas perguntas chegam, embora eu quisesse apresentar aqui uma tese que envolva a gravidez interrompida, mas não me sito muito inteligente hoje. E agora vai a última pergunta: Não seria melhor abortar um feto do que deixar uma criança no caixote de lixo?

Na minha opinião, não devia ser discutido a questão de aborto desta forma, se as pessoas realmente não querem aborto, podiam era pedir um referendo para copiar a nova lei alemã: 25.000 euros para quem tiver um filho.